quarta-feira, outubro 04, 2006

Carta de um desconhecido

Todas as noites me deixo cair na cama, inundado pelas lágrimas que em vão correm com os teus contornos a brilharem nelas. Lanço-me na escuridão dos meus olhos fechados mas apenas me deixo levar num turbilhão de agruras e desgosto. Sinto o meu coração encolher de angústia, sufocando-me no seu desespero. Agarro-me ao peito vendo-te nos meus sonhos.
Impávido revejo o teu riso, a tua despreocupação perante os meus sentimentos por revelar.
Vejo-te cruel, lançando-me como malabarista mas ignorando se me deixas cair ao chão. Mas depois recuo nas minhas acusações porque, no fundo, te sei inocente. Pois que não desconfias do que arde cá dentro por ti...não sabes dos desígnios para ambos que habitam os sonhos deste vagabundo que se martiriza...não sabes o destino que anseio e que desejo do fundo do coração.
Não sabes o meu nome, não sabes quem sou, embora me conheças melhor do que possas imaginar. Apenas tens estas letras como prova do que sinto por ti...mas nem elas alguma vez te percorreram os olhos...pois que são escritas por um cobarde, miserável e eterno sonhador que deixa o medo de te perder conquistá-lo, antes até de se dar a conhecer.