quinta-feira, janeiro 29, 2009

Solidão

Olhei-te sentada na cama, recortada na luz que entrava pela janela como um bafo quente de calor...pela primeira vez vi a distância que tanto apregoas...na poeira que dançava por entre os raios de luz vi-te à distância da solidão que exalavas...

O teu olhar dormia longe, nem sequer deu pela minha presença, pelo meu sorriso que se desfez quando viu as lágrimas que verteste rosto abaixo...

Não consegui compreender a razão, mas o simples facto de ter acontecido deixou-me inquieto, preocupado, sem saber o que pensar...

Sei agora que me dizias nesse gesto o quão só te sentias na minha companhia, a tristeza que os meus beijos te instilavam na pele, o ardor angustiante peito adentro que o meu sorriso te provocava...continuo a amar-te, mas agora sou eu quem se prostra na tua posição, recortado contra a luz que inunda o quarto, de olhar vago e lágrimas trémulas correndo na face...mas porque te sinto a falta....porque te amo ainda e o calor da tua presença me faz falta no corpo, no coração...

Mas agradeço-te o abandono, a ausência brusca, pois que se mais tempo a tua presença fosse tão só na minha companhia, mais fundo mergulharias nessa tua solidão, mais fundo sentirias a angústia de nós dois juntos e mais só eu me sentiria assim que me abandonasses....

Amo-te ainda...e só posso sentir-me feliz no meio desta tristeza que me assola, porque me permitiste amar-te, porque impediste com a tua sinceridade nesse dia de mais tempo correr em nós e poder vir este sentimento tornar-se num ódio visceral por teres acalentado a esperança do teu amor por mim.